Your browser doesn't support javascript.
loading
Mostrar: 20 | 50 | 100
Resultados 1 - 20 de 2.970
Filtrar
1.
Psicol. Estud. (Online) ; 29: e55777, 2024.
Artigo em Português | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1529194

RESUMO

RESUMO Este estudo teve por objetivo analisar o impacto do isolamento social decorrente da pandemia de Covid-19 sobre a vida familiar, com ênfase na vivência da maternidade e na relação com os filhos. Participaram 20 mães de camadas sociais médias, de 29 a 45 anos, que mantinham atividades laborais a distância e estavam em isolamento social. Foram realizadas entrevistas individuais em profundidade por meio digital. O material coletado foi transcrito e submetido à análise de conteúdo temática. Os resultados mostraram que as mudanças impostas pela pandemia impactaram diretamente a vida familiar, explicitando as desigualdades de gênero na organização da rotina, distribuição de tarefas domésticas e cuidados parentais. Observou-se uma relação ambivalente das mães com a maternidade e com seus imperativos sociais, que reverberam no vínculo que estabelecem com seus filhos. A análise revela que a sobrecarga emocional e física contribui para exacerbar sentimentos de culpa e solidão vivenciados na relação com a maternidade, além de evidenciar conflitos no desempenho dos papéis de mãe, esposa e profissional. As entrevistadas demonstraram exaustão com as demandas domésticas e de cuidados com os filhos, além de conflitos relacionados ao descompasso entre expectativas e padrões sociais que regulam o exercício da maternidade e suas experiências pessoais como mães. As conclusões sugerem a presença de uma crise identitária relacionada aos ideais sociais vinculados às vivências da maternidade, o que convida a pensar na urgência de se olhar para o sofrimento materno, buscando compreender as dimensões subjetivas das transformações que perpassam essa experiência na vigência do isolamento social.


RESUMEN El objetivo de este estudio fue analizar los efectos del aislamiento social resultante de la pandemia de COVID-19 en la vida familiar, con énfasis en la experiencia de la maternidad y la relación con los niños. Participaron 20 madres de estratos sociales medios, de 29 a 45 años de edad, que mantenían actividades laborales a distancia y se encontraban en aislamiento social. Se realizaron entrevistas individuales exhaustivas por medios digitales. El material recopilado se transcribió y se sometió a un análisis de contenido temático. Los resultados mostraron que los cambios impuestos por la pandemia afectaban directamente a la vida familiar, lo que explicaba las desigualdades de género en la organización rutinaria, la distribución de las tareas domésticas y el cuidado de los niños. Se observó una relación ambivalente entre las madres y la maternidad y sus imperativos sociales, que reverberaban en el vínculo que establecen con sus hijos. El análisis revela que la sobrecarga emocional y física contribuye a exacerbar los sentimientos de culpa y soledad experimentados en la relación con la maternidad, además de mostrar conflictos en el desempeño de los papeles de madre, esposa y profesional. Las mujeres entrevistadas mostraron agotamiento con las demandas domésticas y el cuidado de sus hijos, además de conflictos relacionados con el desajuste entre las expectativas y las normas sociales que regulan el ejercicio de la maternidad y sus experiencias personales como madres. Las conclusiones sugieren la presencia de una crisis de identidad ligada a los ideales sociales vinculados a las experiencias de la maternidad, lo que invita a pensar en la urgencia de mirar el sufrimiento materno, tratando de comprender las dimensiones subjetivas de las transformaciones en tiempos de aislamiento social.


ABSTRACT This study aimed to analyze the impacts of the social isolation resulting from the COVID-19 pandemic on family life, with emphasis on the experience of motherhood and the relationship with children. Twenty mothers from the middle social strata, from 29 to 45 years old, who kept working activities at a distance and were in social isolation, participated. In-depth individual interviews were conducted by digital means. The collected material was transcribed and submitted to thematic content analysis. The results showed that the changes imposed by the pandemic directly impacted family life, highlighting gender inequalities in routine organization, distribution of household tasks and parental care. An ambivalent relationship was observed between mothers and maternity and their social imperatives, which reverberated in the bond they establish with their children. The analysis reveals that emotional and physical burden contributes to exacerbate feelings of guilt and loneliness experienced in the relationship with motherhood, in addition to showing conflicts in the performance of the roles of mother, wife and professional. The women interviewed showed exhaustion with domestic and child care demands, in addition to conflicts related to the mismatch between expectations and social standards that regulate the exercise of motherhood and their personal experiences as mothers. The conclusions suggest the presence of an identity crisis due to the social ideals linked to the experiences of motherhood, which invites us to think about the urgency of looking at maternal suffering, seeking to understand the subjective dimensions of the transformations that this experience goes through in the times of social isolation.


Assuntos
Humanos , Feminino , Adulto , Isolamento Social/psicologia , Mulheres Trabalhadoras/psicologia , Quarentena/psicologia , COVID-19/psicologia , Mães/psicologia , Psicanálise , Estresse Fisiológico/fisiologia , Família/psicologia , Características da Família , Poder Familiar/psicologia , Cônjuges/psicologia , Emoções/fisiologia , Solidão/psicologia
2.
Psicol. USP ; 35: ee2000088, 2024.
Artigo em Português | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1538126

RESUMO

Em um contexto clínico, existem diversos tipos de silêncio, próprios de cada análise e presentes de diferentes formas no processo analítico. Este artigo visa realizar uma revisão teórica a respeito do silêncio na literatura psicanalítica. Pretende, também, transitar por reflexões existentes na psicanálise acerca de um silêncio específico: silêncio com potência de movimento e função criadora no processo de análise. A partir da revisão realizada, percebe-se que o silêncio na clínica psicanalítica pode ser pensado a partir do silêncio do paciente, do analista ou em seu aspecto intersubjetivo, ou seja, relacional. A revisão da palavra "silêncio" na obra freudiana abre espaço para pensar a presença intrínseca, porém, coadjuvante, do silêncio na psicanálise desde suas origens. A pesquisa também possibilita ampliar o entendimento do silêncio para além de seu aspecto resistencial. Ilumina os aspectos produtivos e potentes desse conceito em psicanálise e no trabalho analítico


Silence presents many forms within a clinical context, specific to each case and presenting in different ways during the analytical process. This theoretical review of the psychoanalytic literature on silence seeks to push forward psychoanalysis reflections about silence imbued with the power of movement and a creative function. Silence in clinical psychoanalysis can be considered from the perspective of the patient, the analyst, or the relationship, i.e., its intersubjective aspect. A review of the word "silence" within Freud's work allows us to reflect on the intrinsic but supporting presence of silence in psychoanalysis since its origins , expanding the understanding of silence beyond resistance. It clarifies the productive and potent aspects of this concept in psychoanalysis and the analytical process


Le silence se présente sous de nombreuses formes dans un contexte clinique, spécifique à chaque cas et se manifestant de différentes manières au cours du processus analytique. Cette revue théorique de la littérature psychanalytique sur le silence cherche à parcourir les réflexions existantes en psychanalyse sur le silence doté de puissance de mouvement et de fonction créatrice. Le silence dans la clinique psychanalytique peut être conçu du point de vue du patient, de l'analyste ou de son aspect inter-subjectif, c'est-à-dire relationnel. Un examen du mot silence chez Freud nous permet de réfléchir à la présence intrinsèque, bien que secondaire, du silence au sein de la psychanalyse depuis ses origines, en élargissant la compréhension du silence au-delà de la résistance. Elle met également en évidence les aspects productifs et puissants du concept de silence en psychanalyse et dans le travail analytique


En un contexto clínico, existen varios tipos de silencio, específicos para cada análisis y presentes de diferentes maneras en el proceso analítico. Este artículo se propone realizar una revisión teórica sobre el silencio en la literatura psicoanalítica. También tiene como objetivo avanzar a través de las reflexiones existentes en el psicoanálisis sobre un silencio específico: el silencio con el poder del movimiento y la función creativa en el trabajo de análisis. De la revisión realizada, queda claro que el silencio en la clínica psicoanalítica puede pensarse desde el silencio del paciente, el analista o en su aspecto intersubjetivo, es decir, relacional. La revisión de la palabra silencio dentro del trabajo freudiano llevado a cabo en la investigación abre el espacio para pensar sobre la presencia intrínseca, pero de apoyo, del silencio dentro del psicoanálisis desde sus orígenes. La investigación también permite ampliar la comprensión del silencio más allá de su aspecto resistivo. Ilumina los aspectos productivos y potentes de este concepto en el psicoanálisis y el trabajo analítico


Assuntos
Psicanálise , Terapia Psicanalítica , Comunicação não Verbal/psicologia
3.
Psicol. USP ; 352024.
Artigo em Português | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1538366

RESUMO

A arte e a literatura estão presentes de maneira significativa, tanto em Freud quanto em Lacan, entretanto elas se inscrevem de diferentes formas nas duas teorias, isso pode ser melhor observado quando os autores se debruçam sobre uma mesma obra, como Hamlet de William Shakespeare. Além desta, Macbeth é outro drama shakespeariano que interessará a Freud por conta da personagem de Lady Macbeth. Diante disso, o artigo analisou as interpretações de Freud acerca dessas duas tragédias shakespearianas, assim como as de Lacan sobre Hamlet, investigando algumas particularidades acerca de relações com a arte e com a literatura. Embora impliquem em interpretações diversas, essas obras reúnem elementos importantes e por vezes com um valor de exemplo paradigmático para reflexões no campo da psicanálise


Both Freud and in Lacan make extensive, albeit different, use of art and literature in their theories. This can be better observed when they focus on the same work, such as Hamlet and, in Freud's case, Macbeth by William Shakespeare. Thus, this article analysed Freud's readings of these two Shakespearean tragedies, as well as Lacan's analysis of Hamlet, investigating some particularities about their relations with art and literature. Despite differences in interpretation, these works bring together important elements valuable as a paradigmatic example of psychoanalytic reflections


Freud et Lacan font tout deux un usage intensive, mais différent, de l'art et la littérature dans leurs théories. Cela peut être mieux lorsque les auteurs se concentrent sur la même œuvre, comme Hamlet et, dans le cas de Freud, Macbeth de William Shakespeare. Cet article donc analyse la lecture de Freud de ces deux tragédies shakespeariennes, ainsi que l'analyse de Lacan sur Hamlet, en étudiant certaines particularités de leurs relations avec l'art et la littérature. Bien qu'ils impliquent des interprétations différentes, ces travaux rassemblent des éléments importants et ont parfois valeur d'exemple paradigmatique pour les réflexions psychanalytiques


El arte y la literatura están presentes de manera significativa, tanto en Freud como en Lacan, sin embargo se inscriben de diferentes formas en ambas teorías, esto se puede observar mejor cuando los autores se enfocan en una misma obra, como Hamlet de William Shakespeare. Además de esto, Macbeth es otro drama de Shakespeare que a Freud le interesará por el personaje de Lady Macbeth. Por tanto, el artículo analizó las interpretaciones de Freud sobre estas dos tragedias de Shakespeare, así como las interpretaciones de Lacan sobre Hamlet, investigando algunas particularidades sobre sus relaciones con el arte y la literatura. Aunque implican diferentes interpretaciones, estas obras reúnen elementos importantes y, en ocasiones, con el valor de un ejemplo paradigmático para las reflexiones en el campo del psicoanálisis


Assuntos
Arte , Interpretação Psicanalítica , Teoria Psicanalítica , Literatura
4.
Psicol. USP ; 352024.
Artigo em Português | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1537759

RESUMO

Partindo de uma articulação entre a psicanálise e a fenomenologia de Merleau-Ponty, o objetivo deste artigo é traçar um caminho na psicanálise para uma noção de experiência. A experiência, seja pensada a partir de problemáticas levantadas pela psicanálise contemporânea, mais especificamente no que concerne aos estados limites, seja a partir da fenomenologia, não pertence a um sujeito, mas comporta uma abertura para o mundo. Com base em certas noções e interpretações de diferentes autores na psicanálise, buscam-se caminhos que permitam alcançar um deslocamento de uma posição idealista ou objetivista. Seguindo as indicações de Winnicott, três eixos são destacados como hipóteses centrais para definir a experiência: a corporeidade, o tempo e o sentido. Por fim, propõe-se um questionamento sobre a possibilidade de conceber a experiência como um conceito para a psicanálise contemporânea


By articulating psychoanalysis and Merleau-Ponty's phenomenology, this article traces a possible path towards a notion of experience. Experience, whether based on the problems raised by contemporary psychoanalysis (limit states) or on phenomenology, does not belong to a subject; rather, it includes an opening to the world. Based on certain notions and interpretations by different authors in psychoanalysis, we sought paths that allow a shift from an idealistic or objectivist position. Following Winnicott's propositions, we highlight three axes as central hypotheses to define experience: corporeality, time, and sense. Finally, we question whether experience can be conceived as a concept for contemporary psychoanalysis


En articulant la psychanalyse et la phénoménologie de Merleau-Ponty, cet article trace un chemin en psychanalyse vers une notion d'expérience. L'expérience, qu'elle soit fondée sur les problèmes soulevés par la psychanalyse contemporaine (états limites) ou sur la phénoménologie, n'appartient pas à un sujet, mais comporte une ouverture au monde. Basé sur certaines notions et interprétations de différents auteurs en psychanalyse, on cherche des voies permettant le passage d'une position idéaliste ou objectiviste. Suivant les propositions de Winnicott, trois axes sont mis en évidence comme hypothèses centrales pour définir l'expérience: la corporéité, le temps et le sens. Enfin, on discute de la possibilité de concevoir l'expérience comme un concept pour la psychanalyse contemporaine


Partiendo de una articulación entre el psicoanálisis y la fenomenología de Merleau-Ponty, el objetivo del artículo es trazar un posible camino en el psicoanálisis hacia una noción de experiencia. La experiencia, ya sea basada en los problemas planteados por el psicoanálisis contemporáneo, más específicamente con respecto a los estados límite, o basada en la fenomenología, no pertenece a un sujeto, sino que incluye una apertura al mundo. A partir de ciertas nociones e interpretaciones de diferentes autores en el psicoanálisis, buscamos formas que permitan lograr un cambio desde una posición idealista u objetivista. Siguiendo las indicaciones de Winnicott, se destacan tres ejes como hipótesis centrales para definir la experiencia: corporalidad, tiempo y sentido. Finalmente, se hace una pregunta sobre la posibilidad de concebir la experiencia como un concepto para el psicoanálisis contemporáneo


Assuntos
Filosofia , Psicanálise
5.
Vínculo ; 20(2): 107-115, 20230000.
Artigo em Português | LILACS | ID: biblio-1532528

RESUMO

Grupos psicoterapêuticos encontram crescente receptividade nos serviços públicos e privados de saúde. Eles conjugam a expansão da capacidade de atendimento com atuação clínica crítica e propositiva frente ao individualismo da sociedade contemporânea. É importante assim pensarmos os desafios da formação dos psicólogos para este trabalho. Este artigo parte de uma dificuldade encontrada por estagiários de 4° e 5° ano do curso de psicologia, na condução de um grupo psicoterapêutico. Coloca-se como objetivo analisar a relação entre um pacto denegativo que obstaculiza o processo terapêutico com as experiências iniciais de atendimento dos estagiários. Aspectos vivenciados serão apresentados e debatidos à luz da teoria. Descreve-se a existência de um pacto denegativo neste grupo, que se opõe ao processo terapêutico dos pacientes e complexifica o desenvolvimento dos estagiários ao desafiar a confiança em suas percepções e associações, dificultando a realização de intervenções. Conclui-se que o pacto denegativo que obstaculiza o grupo se apresenta, a princípio, como um desafio aos estagiários, porém, mediante o apoio na relação entre os estagiários e supervisão é possível transformar este desafio em fonte de aprendizado.


Grupos psicoterapéuticos son cada vez más recibidos en los servicios de salud. Combinan la expansión de la capacidad de servicio con una acción clínica crítica y decidida frente al individualismo de la sociedad contemporánea. Es importante pensar en los desafíos de formar psicólogos para este trabajo. Este artículo se basa en una dificultad que enfrentan los pasantes de 4° y 5° año de psicología al momento de conducir un grupo psicoterapéutico. El objetivo es analizar la relación entre un pacto negativo que obstruye el proceso terapéutico y las experiencias de cuidado de los internos. Se debatirán experiencias y la teoría. Se describe la existencia de un pacto negativo, que se opone al proceso terapéutico de los pacientes e intensifica el desafío de los alumnos al desafiar la confianza en sus percepciones y asociaciones, lo que dificulta la realización de intervenciones. Se concluye que el pacto negativo que obstaculiza al grupo se presenta, en un primer momento, como un reto para los aprendices, sin embargo, a través del apoyo en la relación entre los aprendices y la supervisión es posible transformar este reto en una fuente de aprendizaje.


Psychotherapeutic groups are increasingly employed in health services. They combine the expansion of the service capacity with critical and purposeful clinical action in face of the individualism of contemporary society. It is important to think about the challenges of training psychologists for this work. This article is based on a difficulty encountered by 4th and 5th year psychology students, acting as trainees, when conducting a psychotherapeutic group. The objective is to analyze the relationship between a denegative pact that obstructs the therapeutic process and the trainees' initial clinical experience. This text debates aspects of this practice in light of theory. It describes a denegative pact in this group, which opposes the patients' therapeutic process and intensifies the trainees' challenge by challenging the trust in their perceptions and associations, making it more difficult for them to find spaces to intervene. It concludes that the negative pact that hinders the group presents itself, in principle, as a challenge to the trainees, however, through support in the relationship between the trainees and supervision it is possible to transform this challenge into a source of learning.


Assuntos
Humanos , Psicanálise , Psicoterapia de Grupo
6.
Vínculo ; 20(2): 97-106, 20230000.
Artigo em Português | LILACS | ID: biblio-1532525

RESUMO

A partir do bicentenário da Independência do Brasil inúmeros trabalhos de revisão histórica surgiram com a comemoração da data. No entanto, de qual história estamos falando, ou melhor, qual história nos foi contada, por quem e de que forma? Diante dessas inquietações, se questiona como se poderia, através do trabalho de grupo, trazer a conhecimento fatos da história do povo brasileiro que foram sombreados, distorcidos e invisibilizados. O Desvelar, um processo grupal que está em andamento, possui até 14 participantes e tem como constituinte mais importante depoimentos dos participantes (acerca das vivências de apagamento, violência e injustiça). Os encontros tiveram início com a discussão sobre o Projeto Querino (visão afrocentrada da história do Brasil). Este pode ser entendido como objeto mediador para facilitar melhor o conhecimento da história. Conhecendo melhor a história, vamos entender por que somos o que somos hoje. Conhecer seu lugar, sua história, seus condicionantes e seu potencial, levam a um pensamento livre.


Since the bicentennial of Brazil's Independence, numerous historical revisions works emerged with the commemoration of the date. However, what story are we talking about, or rather, what story was told to us, by whom and in what way? Faced with these concerns, it is questioned how it could, through group work, bring to light facts of the history of the Brazilian people that were shaded, distorted and made invisible. The Desvelar, an in progress group process that has up to 14 participants and has as its most important constituent testimonials from the participants (about the experiences of erasure, violence and injustice). The meetings began with a discussion about the Querino Project (Afro-centered view of the history of Brazil). This can be understood as a mediating object, to better facilitate the knowledge of history. Knowing better the history, we will understand why we are what we are today. Knowing our place in the world, our history, our constraints, our potential, leads to a free thinking.


Desde el bicentenario de la Independencia de Brasil, numerosas obras de revisión histórica surgieron con la conmemoración de esa fecha. Sin embargo, de qué historia estamos hablando, o mejor, que historia nos contaron, ¿por quién y de qué manera? Frente a estas preocupaciones, se pregunta cómo se podría, a través del trabajo en grupo, traer al conocimiento hechos de la historia del pueblo brasileño que fueron sombreados, distorsionados e invisibilizados. El Desvelar, un proceso grupal que está en curso, tiene hasta 14 participantes y tiene como componente más importante los testimonios de los participantes (sobre las experiencias de borrado, violencia e injusticia). Las reuniones comenzaron con una discusión sobre el Proyecto Querino (Visión afrocéntrica de la historia de Brasil). Este puede entenderse como un objeto mediador, para facilitar mejor el conocimiento de la historia. Conociendo mejor la historia, entenderemos por qué somos lo que somos hoy. Conocer tu lugar, tu historia, tus limitaciones, tu potencial conduce al pensamiento libre.


Assuntos
Humanos , Psicanálise
7.
Psicol. rev ; 32(2): 459-484, 31/12/2023.
Artigo em Português | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1552655

RESUMO

A polícia brasileira já foi considerada a mais letal e frequentemente alveja jovens negros marginalizados (Araújo, 2015). As mães desses indivíduos perdem seus filhos precocemente de maneira abrupta e violenta. Para muitas mães a perda de um filho constitui a maior do mundo, o que torna relevante questionar: como a perda de um filho pela violência policial repercute no enlutamento materno? Foram encontrados poucos estudos sobre o tema, apesar de sua prevalência e dos impactos negativos permanentes na vida dessas mães (Gomes, 2019). Por meio de uma revisão bibliográfica não sistemática sobre o tema do luto e das perdas violentas, e com base em depoimentos publicizados de mães que perderam seus filhos pela violência policial, focalizamos como a psicanálise tem um importante papel na escuta dessas mulheres, que podem traçar diferentes caminhos de trabalho psíquico. Como resultado, vimos que a perda de um filho possui caráter traumático e nela se destaca a natureza narcísica da relação mãe-filho, rompida abruptamente pela morte. Este estudo oferece algumas contribuições para o entendimento desse sofrimento e para a escuta dessas mulheres, que, como muitas se autodenominam, são "mães sem nome". (AU)


Brazilian police were once considered the most lethal and often target marginalized young black men (Araújo, 2015). The mothers of these individuals lose their children early in an abrupt and violent manner. To many mothers, the loss of a child is the biggest one in the world, which makes it relevant to ask: How does the loss of a child to police violence affect maternal mourning? Few studies have been found on the topic, despite its prevalence and the permanent negative impacts on the lives of these mothers (Gomes, 2019). Through a non-systematic literature review on the theme of grief and violent loss, and based on publicized testimonials of mothers who have lost their children to police violence, we focused on how psychoanalysis has an important role in listening to these women, who can trace different paths of psychic work. As a result, we concluded that the loss of a child has a traumatic issue, and the narcissistic nature of the mother-child relationship, abruptly broken by death, stands out. This study offers some contributions to the understanding of this suffering and to the listening of these women, who, as many call themselves, "mothers without a name". (AU)


La policía brasileña fue considerada la más letal y frecuentemente ataca a los jóvenes negros marginados (Araújo, 2015). Las madres de estas personas pierden a sus hijos tempranamente de forma abrupta y violenta. Para muchas madres, la pérdida de un hijo es la mayor del mundo, lo que hace pertinente preguntarse: ¿cómo la pérdida de un hijo por la violencia policial afecta al duelo materno? Se encontraron pocos estudios sobre este tema, a pesar de su prevalencia y de los impactos negativos permanentes en la vida de estas madres (Gomes, 2019). Mediante una revisión bibliográfica no sistemática sobre el tema del duelo y de las pérdidas violentas, y a partir de testimonios difundidos de madres que perdieron a sus hijos por la violencia policial, nos centramos en cómo el psicoanálisis tiene un papel importante en la escucha de estas mujeres, que pueden trazar diferentes caminos de trabajo psíquico. Como resultado, vimos que la pérdida de un hijo tiene carácter traumático y destaca la naturaleza narcisista de la relación madre-hijo, rota abruptamente por la muerte. Este estudio ofrece algunas contribuciones a la comprensión de este sufrimiento y a la escucha de estas mujeres que, como muchas se autode-nominan, son "madres sin nombre". (AU)


Assuntos
Humanos , Feminino , Psicanálise , Luto , Mães/psicologia , Violência , Brasil , Polícia , Racismo , Narcisismo
8.
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 23(4): 1445-1465, dez. 2023.
Artigo em Português | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1537987

RESUMO

Este texto trabalha as instâncias da verdade e da história, nas suas relações com a ficção. As condições singulares de cada uma dessas três instâncias encontram pontos de convergência em um campo mais pragmático quando pensadas as suas incidências no plano de imanência do Mestre, personagem conceitual que em algumas formulações lacanianas é representado pelo termo S1 - em uma tentativa de aludir à função do significante que ocupa a posição de primeiro em relação a uma cadeia de significantes que o sucede. Por um método investigativo bibliográfico, fazemos permanecer a questão: podemos oferecer aportes e vias epistêmicas alternativos para uma prática conceitual e clínica psicanalítica que suponha este Mestre, S1, enquanto produção em um só-depois? Faz-se uma segunda interpelação: quais são as potencialidades de uma retomada do corpo conceitual psicanalítico desde a conexão com estudos sobre gênero, colonialidade e relações raciais - y como tal conexão pode oferecer desvios felizes a este campo de pensamento?


This text intertwines the instances of truth, history and fiction. The unique conditions of each of these three instances converge in a more pragmatic field when considering their impact on the plane of immanence of the Master, a conceptual character that in some Lacanian formulations is represented by the term S1 - in an attempt to allude to the function of a precedent signifier related to a chain of signifiers that follows it. Through a bibliographical investigative method, we sustain the question: can we conceive alternative epistemologies for the conceptual and clinical practice of a psychoanalysis that assumes this Master, S1, as a production in an après-coup? Inherently, a second question arises: what are the potentialities of reclaiming a conceptual psychoanalytical corpus from the connection with studies on gender, coloniality and racial relations - and how this operation can offer optimal deviations to the field of psychoanalytic thought?


Este texto trabaja las relaciones entre las instancias de la verdad, de la historia y sus relaciones con la ficción. Las condiciones sigulares de cada una de estas tres instancias encuentran puntos de convergencia en un campo más pragmático al considerar su incidencia en el plano de inmanencia del Amo, carácter conceptual que en algunas formulaciones lacanianas se representa con el término S1 - en un intento de aludir a la función del significante que ocupa la posición de primero en relación a una cadena de significantes siguientes. A través de un método investigativo bibliográfico, hacemos con que permanezca la cuestión: ¿podemos ofrecer epistemologías alternativas para la práctica conceptual y clínica de un psicoanálisis que asuma este Amo, S1, como producción en un après-coup? Paralelamente, surge una segunda interpelación: ¿cuáles son las potencialidades de una recuperación del cuerpo conceptual psicoanalítico a partir de la conexión con los estudios sobre género, colonialidad y relaciones raciales - y cómo esta conección puede ofrecer desviaciones positivas al campo del pensamiento psicoanalítico?


Assuntos
Política , Psicanálise
9.
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 23(4): 1384-1404, dez. 2023.
Artigo em Português | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1537983

RESUMO

A identidade é um tema de grande relevância política e social na atualidade, seja quando tratamos de movimentos minoritários que buscam reconhecimento e direitos, seja pelo crescimento de movimentos reacionários que se fundam em identidades que excluem a diferença e promovem comportamentos sociais hostis a sujeitos alterizados. No campo psicanalítico, por vezes, se trata a questão identitária como alheia às nossas discussões, utilizando-se o argumento de que trabalhamos com identificações em vez de identidades e encerrando-se, apressadamente, o debate. Com este artigo, pretendemos afirmar a importância do tema da identidade para a psicanálise e discutir, junto aos estudos decoloniais, maneiras de pensar a questão que levem em conta os seus aspectos problemáticos e, ao mesmo tempo, coloquem em evidência modos de relação com as identidades que se direcionam para a relacionalidade e para o enfrentamento dos mecanismos de dominação do mundo contemporâneo. Buscamos, para tanto, tocar nas especificidades dos processos identitários nos contextos marcados pelos efeitos da colonialidade do poder e investigar como as obras freudiana e lacaniana podem fornecer caminhos para pensar a identidade de acordo com o direcionamento proposto por este estudo.


Identity is a highly relevant political and social theme in contemporary times, whether we are discussing minority movements seeking recognition and rights, or the growth of reactionary movements that are founded on identities that exclude difference and promote social behaviors hostile to marginalized subjects. In the psychoanalytic field, the issue of identity is sometimes treated as irrelevant to our discussions, using the argument that we work with identifications instead of identities and hastily ending the debate. With this article, we intend to assert the importance of the theme of identity for psychoanalysis and discuss, together with decolonial studies, ways of thinking about the issue that take into account its problematic aspects while highlighting modes of relationship with identities that are directed towards relationality and confronting the mechanisms of domination in the contemporary world. To this end, we aim to touch on the specificities of identity processes in contexts marked by the effects of the coloniality of power and to investigate how the works of Freud and Lacan can provide pathways for thinking about identity in accordance with the direction proposed by this study.


La identidad es un tema de gran relevancia política y social en la actualidad, ya sea cuando tratamos de movimientos minoritarios que buscan reconocimiento y derechos, o por el crecimiento de movimientos reaccionarios que se basan en identidades que excluyen la diferencia y promueven comportamientos sociales hostiles hacia sujetos alterizados. En el campo psicoanalítico, a veces se trata la cuestión de la identidad como ajena a nuestras discusiones, utilizando el argumento de que trabajamos con identificaciones en lugar de identidades y cerrando el debate precipitadamente. Con este artículo, pretendemos afirmar la importancia del tema de la identidad para el psicoanálisis y discutir, junto con los estudios decoloniales, maneras de pensar la cuestión que tengan en cuenta sus aspectos problemáticos y, al mismo tiempo, pongan en evidencia modos de relación con las identidades que se dirigen hacia la relacionalidad y hacia el enfrentamiento de los mecanismos de dominación del mundo contemporáneo. Buscamos abordar las especificidades de los procesos identitarios en los contextos marcados por los efectos de la colonialidad del poder e investigar cómo las obras freudiana y lacaniana pueden proporcionar caminos para pensar la identidad de acuerdo con la orientación propuesta por este estudio.


Assuntos
Psicanálise , Identificação Social , Colonialismo
10.
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 23(4): 1405-1426, dez. 2023.
Artigo em Português | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1537985

RESUMO

Esse artigo tem como objetivo propor algumas reflexões sobre a psicanálise e a obra de Frantz Fanon, tomando como inquietação inicial um conjunto de cartas publicadas por psicanalistas na França sobre o tema da decolonialidade. Em um primeiro momento, detalhamos de forma breve o teor da discussão francesa, o conteúdo das cartas e alguns dos seus variados efeitos, assim como parte do contexto francês em que o debate se inicia. Partindo em seguida para um desenvolvimento sobre algumas das elaborações fanonianas sobre o tema da identidade, do humanismo e do universalismo - conceitos densamente presentes no debate francês. Na sequência, enfocamos alguns dos modos como a psicanálise aparece na obra desse autor, a fim de destacar algumas das questões que consideramos fundamentais de serem observadas em seus escritos, e em conjunto das discussões sobre decolonialidade e psicanálise. Dessa maneira, busca-se, a partir de nossa produção, tensionar e colaborar para o debate das possíveis contribuições da teoria de Fanon para o campo psicanalítico.


This article aims to propose some reflections on psychoanalysis and the work of Frantz Fanon, starting with an initial concern regarding a set of letters published by psychoanalysts in France on the topic of decoloniality. In the first part, we briefly outline the content of the french discussion, the contents of the letters and some of their various effects, as well as part of the french context in which the debate begins. Moving on to a discussion of some of Fanon's elaborations on the themes of identity, humanism, and universalism - wich are concepts densely present in french debate. We then advance to examine some of the ways psychoanalysis appears in Fanon's work, aiming to highlight some of the issues we consider fundamental to be observed in his writings, in conjunction with discussions on decoloniality and psychoanalysis. Through our production, we seek to engage and contribute to the debate on the potential contributions of Fanon's theory to the field of psychoanalysis.


Este artículo tiene como objetivo proponer algunas reflexiones sobre el psicoanálisis y la obra de Frantz Fanon, partiendo de una preocupación inicial en torno a un conjunto de cartas publicadas por psicoanalistas en Francia sobre el tema de la descolonización. En la primera parte, delineamos brevemente el contenido de la discusión francesa, el contenido de las cartas y algunos de sus diversos efectos, así como parte del contexto francés en el que comienza el debate. Luego, pasamos a discutir algunas de las elaboraciones de Fanon sobre los temas de identidad, humanismo y universalismo, conceptos densamente presentes en el debate francés. Avanzamos luego para examinar algunas de las formas en que el psicoanálisis aparece en la obra de Fanon, con el objetivo de resaltar algunos de los problemas que consideramos fundamentales para ser observados en sus escritos, en conjunto con las discusiones sobre descolonización y psicoanálisis. A través de nuestra producción, buscamos participar y contribuir al debate sobre las posibles contribuciones de la teoría de Fanon al campo del psicoanálisis.


Assuntos
Psicanálise , Relações Raciais , Colonialismo , População Negra , Racismo , Fatores Raciais
11.
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 23(4): 1427-1444, dez. 2023.
Artigo em Português | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1537986

RESUMO

A partir do reconhecimento de uma situação original de desamparo e dependência do outro a qual a criança está estruturalmente submetida, pontua-se que o apaziguamento da fome - considerado uma necessidade fundamental - culmina na consolidação da alteridade como lugar de referência e endereçamento, na erogeneização do corpo próprio, na constituição do Eu e na potencialização do devir do desejo. Logo, a fome e o fracasso do apelo ao outro são experiências potencialmente traumáticas, que produzem vulnerabilidades sociais e psíquicas graves e duradouras. Entende-se que as frustrações das expectativas de saciedade da fome, sobretudo na infância, produzem uma espécie de dor moral, correlata à fragilização da confiança no outro. Com Josué de Castro, reforça-se o aspecto político inarredável da fome, que se amalgama a suas implicações psíquicas e físicas. Com o médico e escritor pernambucano, sublinha-se a existência de uma intenção histórica do Estado brasileiro de ignorar, desmentir e até mesmo provocar a fome. É lembrado que, como um arguto leitor de Freud, o autor faz uso da teoria pulsional psicanalítica como operador conceitual para pensar a fome. Na esteira da contribuição de Castro, Ferenczi é trazido à baila a fim de fundamentar o caráter intencional e político do trauma da fome.


From the recognition of an original situation of helplessness and dependence on the other to which the child is structurally subjected, it is pointed out that the appeasement of hunger - considered a fundamental need - culminates in the consolidation of alterity as a place of reference and addressing, in the erogenization of the own body, the constitution of the Self, and the potentialization of desire's becoming. Therefore, hunger and the failure of the appeal to the other are potentially traumatic experiences that produce serious and lasting social and psychological vulnerabilities. Thence, frustrating the expectations of hunger's satiety, especially in childhood, produce a kind of moral pain, which is correlated to the weakening of trust the other. With Josué de Castro, the inescapable political aspect of hunger, which is merged with its psychological and physical implications, is reinforced. From his ideas, the existence of a historical intention of the Brazilian state to ignore, deny, and even provoke hunger is emphasized. As a keen reader of Freud, the author uses psychoanalytic drive theory as a conceptual operator to think about hunger. Following Castro's contribution, Ferenczi is brought up to support the intentional and political nature of hunger trauma.


A partir del reconocimiento de una situación original de desamparo y dependencia del otro a la que el niño está estructuralmente sometido, se señala que el apaciguamiento del hambre - considerada una necesidad fundamental - culmina en la consolidación de la alteridad como lugar de referencia y direccionamiento, la erogeneización del cuerpo propio, la constitución del Yo y la potencialización del devenir del deseo. Entonces, el hambre y el fracaso del llamado al otro son experiencias potencialmente traumáticas que producen vulnerabilidades sociales y psicológicas graves y duraderas. Las frustraciones de las expectativas de saciedad del hambre, especialmente en la infancia, origina un dolor moral, correlacionado con el debilitamiento de la confianza en el otro. Con Josué de Castro, se refuerza el aspecto político ineludible del hambre, que se amalgama a sus implicaciones psicológicas y físicas. Con el escritor brasileño, se enfatiza la existencia de una intención histórica del Estado brasileño de ignorar, negar e incluso provocar el hambre. Se recuerda que, como lector perspicaz de Freud, el autor utiliza la teoría pulsional psicoanalítica como operador conceptual para pensar en el hambre. Siguiendo la contribución de Castro, Ferenczi se pone de relieve para respaldar la naturaleza intencional y política del trauma del hambre.


Assuntos
Política , Psicanálise , Fome , Angústia Psicológica , Acontecimentos que Mudam a Vida
12.
Interaçao psicol ; 27(3): 365-374, ago.-dez. 2023.
Artigo em Português | LILACS-Express | LILACS | ID: biblio-1531445

RESUMO

O objetivo do presente artigo é analisar o fenômeno das automutilações, trazendo à luz a complexidade desse campo de estudos e visando apresentar a construção de uma categoria nosográfica para as automutilações. Elas se caracterizam pelo ato de ferir o próprio corpo voluntariamente, sem intenção consciente de morte, e podem se apresentar de diversas formas, configurando diferentes tipos de comportamentos. Partindo das discussões existentes na literatura sobre o fenômeno, inicialmente circunscritas à psiquiatria e, posteriormente apropriadas pela psicanálise, apresentamos um percurso histórico do conceito, contextualizando suas aparições em diferentes cenas e formas psicopatológicas. Buscamos ainda fomentar uma discussão acerca do estatuto do fenômeno automutilatório: trata-se apenas de um sintoma, prevalente em diferentes quadros clínicos, ou estaríamos falando de uma síndrome, entidade clínica diferenciada que afunila e congrega outros comportamentos? Nesse cenário, destacamos o caráter transnosográfico das automutilações, uma vez que o fenômeno perpassa diversos quadros clínicos na forma de sintoma, ao mesmo tempo em que começa a se configurar como uma entidade nosográfica separada de outras doenças.


The aim of this article is to analyze the phenomenon of self-mutilations, to highlight the complexity of this field of study, and to present the construction of a nosographic category for self-mutilation. They are characterized by the act of voluntarily injuring one's own body, without a conscious intention of death, and they can manifest in different ways, configuring different types of behavior. Based on existing discussions in the literature on the phenomenon, initially limited to psychiatry and later appropriated by psychoanalysis, we present a historical trajectory of the concept, contextualizing its appearances in different psychopathological scenes and forms. We also seek to encourage a discussion about the statute of the self-mutilating phenomenon: would it be just a symptom, prevalent in different clinical conditions, or would we be talking about a syndrome, a differentiated clinical entity that narrows down and brings together other behaviors? In this scenario, we highlight the transnosographic character of self-mutilation, since the phenomenon permeates several clinical conditions in the form of symptoms, while at the same time it can be configured as a nosographic entity separate from other diseases.

13.
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 23(4): 1291-1310, dez. 2023.
Artigo em Português | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1537955

RESUMO

Debatemos os rastros presentes na distopia de nossos laços sociais contemporâneos enquanto restos da colonialidade que sobrevivem em nossa cultura. Metodologicamente, recorremos a personagens do imaginário coletivo que interrogam o lugar do outro na cena social e na política. Compreendemos que os zumbis enquanto imagem mnêmica social trazem visibilidade às políticas de degradação do outro - sua dominação, seu extermínio, bem como da desmobilização política. A contextualização histórica e geográfica da origem e da construção desses personagens reforça a constatação da lógica colonizadora e escravagista ali presente, fundamentada nos modos de captura dos desejos, dos corpos e da vida dos sujeitos, culminando no efeito de obliteração das perspectivas de futuro. A figura do zumbi enquanto a lembrança encobridora do negro escravizado haitiano denuncia a desqualificação das lutas de libertação como nada mais que atos violentos de uma horda acéfala, bem como oferece a oportunidade de reinstituir a dignidade dos movimentos que visam à transformação social. Dentro de determinada perspectiva crítica, os zumbis passam a representar a imagem mnêmica social dos libertários que não cessam de lutar. Tornam-se a simbolização do impossível de governar; reagem ao destino certo da condição de mortos, recuperando a potência de construção de um comum na alteridade.


We discuss the traces present in the dystopia of our contemporary social ties as remnants of coloniality that survive in our culture. Methodologically, we resort to characters from the collective imaginary that question the place of the other in social and political scene. We understand that zombies as a social mnemic image bring visibility to the policies of degradation of the other­their domination, their extermination, as well as political demobilization. The historical and geographic contextualization of the origin and construction of these characters reinforces the presence of the colonizing and slavery logic there, based on the ways of capturing the subjects' desires, bodies and lives, culminating in the effect of obliterating the prospects for the future. The figure of the zombie as a screen-memory of the enslaved black-Haitian denounces the disqualification of liberation struggles as nothing more than violent acts by an acephalous horde, as well as offers the opportunity to bring back the dignity of movements that claims for social transformation. Within a certain critical perspective, the zombies come to represent the social mnemic image of libertarians who never stop fighting. They become the symbolization of the impossible to govern; they react to dead condition as a fate, recovering the power to build a common in otherness.


Discutimos los rastros presentes en la distopía de nuestros lazos sociales contemporáneos como restos de colonialidad que perviven en nuestra cultura. Metodológicamente, recurrimos a personajes del imaginario colectivo, que cuestionan el lugar del otro en la escena social y en la política. Entendemos que los zombis como imagen mnémica social visibilizan las políticas de degradación del otro - su dominación, su exterminio, así como la desmovilización política. La contextualización histórica y geográfica del origen y de construcción de estos personajes refuerza la constatación de la lógica colonizadora y esclavista allí presente, basada en los modos de captura de los deseos, cuerpos y vida de los sujetos, culminando en el efecto de obliteración de perspectivas futuras. La figura del zombi como recuerdo encubridor del negro haitiano esclavizado denuncia la descalificación de las luchas de liberación como nada más que actos violentos de una horda acéfala, además de ofrecer la oportunidad de restituir la dignidad de los movimientos que aspiran a la transformación social. Dentro de cierta perspectiva crítica, los zombis vienen a representar la imagen mnémica social de los libertarios que no cesan de luchar. Se convierten en la simbolización del imposible de gobernar; reaccionan ante el destino cierto de la condición de los muertos, recuperando la potencia de construir un común en la alteridad.


Assuntos
Psicanálise , Negro ou Afro-Americano , Colonialismo , Filmes Cinematográficos , Desumanização , Escravização
14.
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 23(4): 1311-1332, dez. 2023.
Artigo em Português | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1537965

RESUMO

Este trabalho é um recorte de nossa pesquisa de mestrado, que se propôs a investigar, a partir de narrativas de mulheres negras, as percepções e significados de suas experiências enquanto mulheres, como também identificar os marcadores da diferença de suas vivências em torno da feminilidade e o que faz uma mulher negra experimentar a feminilidade de uma forma própria. Apoiamo-nos na perspectiva metodológica da pesquisa psicanalítica dos fenômenos sociais e políticos, por compreender que nossa questão advém de um impasse político-social, que foi examinado a partir da relação transferencial e da indissociabilidade entre teoria, clínica e pesquisa. Utilizamos o recurso de entrevistas enquanto instrumento para a produção do material de análise. Assim, entrevistamos três mulheres negras, convidadas a compartilhar suas histórias e experiências enquanto mulheres. A partir do debate teórico e do material levantado nas entrevistas, foi possível identificar as complexidades do processo de tornar-se mulher e negra, a partir dos marcadores difundidos no laço social, por possuir especificidades subjetivas. Para além disso, pensar no significado dos símbolos utilizados por mulheres negras e contar com uma outra mulher negra para apresentar esses elementos são direções que podem impactar a experiência da feminilidade dessas mulheres.


This work is part of our master's research, which has proposed to investigate, from narratives of black women, the perceptions and meanings of their experiences as women, as well as to identify the markers of the difference in their experiences around femininity and what makes a black woman experience femininity in her own way. We rely on the methodological perspective of psychoanalytic research on social and political phenomena, understanding that our issue stems from a political-social impasse, which has been examined from the transferential relationship and the inseparability between theory, clinic and research. We have used the interview resource as an instrument for the production of analysis material. Thus, we have interviewed three black women, which were invited to share their stories and experiences as women. From the theoretical debate and from the material that have raised in the interviews, it was possible to identify the complexities of the process of becoming woman and black, from the markers scattered through the social bond, as it has subjective specificities. Furthermore, thinking about the meaning of the symbols used by black women and relying on another black woman to present these elements are directions that can impact these women's experience of femininity.


Este trabajo forma parte de nuestra investigación de maestría, que se propuso indagar, a partir de narrativas de mujeres negras, las percepciones y significados de sus experiencias como mujeres, así como identificar los marcadores de la diferencia en sus experiencias en torno a la feminidad y que le permita experimentar la feminidad a su manera. Nos apoyamos en la perspectiva metodológica de la investigación psicoanalítica sobre los fenómenos sociales y políticos, entendiendo que nuestro problema surge de un impasse político-social, que fue examinado desde la relación transferencial y la inseparabilidad entre teoría, clínica e investigación. Utilizamos el recurso de la entrevista como instrumento para la producción de material de análisis. Así, entrevistamos a tres mujeres negras, invitadas a compartir sus historias y experiencias como mujeres. A partir del debate teórico y del material levantado en las entrevistas, fue posible identificar las complejidades del proceso de hacerse mujer y negra, a partir de los marcadores difundidos en el vínculo social, ya que tiene especificidades subjetivas. Además, pensar en el significado de los símbolos utilizados por las mujeres negras y confiar en otra mujer negra para presentar estos elementos son direcciones que pueden impactar la experiencia de la feminidad de estas mujeres.


Assuntos
Humanos , Feminino , Percepção , Psicanálise , Mulheres , População Negra , Feminilidade , Acontecimentos que Mudam a Vida
15.
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 23(4): 1193-1211, dez. 2023.
Artigo em Português | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1537293

RESUMO

Quem pode falar no divã? Como a inscrição do sujeito e do sujeito do inconsciente em relações sociais de poder de classe, gênero, sexualidade, raça, idade, validade, limita o acesso a uma elaboração analítica? O reconhecimento da colonialidade, como efeito de dominação e lugar de enunciação que persiste além da colonização, tornou possível a emergência de novas formas subjetivas, culturais e epistêmicas, incentivando a psicanálise a escutar de outra forma. Este artigo propõe se debruçar sobre a incidência da raça e da branquitude na psicanálise a partir das epistemologias do posicionamento e da epistemologia da ignorância. No contexto social francês, enquanto uma parte crescente da população francesa experimenta diariamente a discriminação racial, essa é veementemente negada por uma maioria de político·as e pesquisadore·as, que recusam até o uso da palavra "raça". A partir dessa negação oficial do racismo sistémico pelo poder político e por uma maioria de estudos acadêmicos, o artigo tenta analisar a epistemologia da ignorância que prevalece na postura clínica e teórica de uma psicanálise maioritária. Trata-se de estudar a forma como uma ignorância branca provoca uma desescuta das questões de raça no divã, produz efeitos transferenciais de silenciamento, e nega vivências particulares em nome do universalismo.


Who can speak on the couch? How does the inscription of the subject and the subject of the unconscious in class, gender, sexuality, race, age and validity social power relations limit access to a psychoanalytical elaboration? The recognition of coloniality as an effect of domination and a locus of enunciation that persists beyond colonisation has made it possible for new subjective, cultural and epistemic forms to emerge, encouraging psychoanalysis to listen differently. This article looks at the impact of race and whiteness on psychoanalysis through the perspective of the Standpoint Epistemologies and the Epistemology of Ignorance. In the French social context, while a growing part of the French population experiences racial discrimination on a daily basis, it is vehemently denied by a majority of politicians and researchers, who refuse to even use the word "race". Starting from this official denial of systemic racism by the political establishment and a majority of academic studies, the article seeks to analyse the epistemology of ignorance that prevails in the clinical and theoretical stance of a majoritian psychoanalysis. The aim is to study the way in which white ignorance causes race issues to be non-listened to on the couch produces silencing transferential effects, and denies particular experiences in the name of universalism.


¿Quién puede hablar en el diván? ¿Cómo la inscripción del sujeto y del sujeto del inconsciente en las relaciones sociales de poder de clase, género, sexualidad, raza, edad, validez, limitan el acceso a una elaboración analítica? El reconocimiento de la colonialidad como un efecto de dominación y un lugar de enunciación que persiste más allá de la colonización ha posibilitado la emergencia de nuevas formas subjetivas, culturales y epistémicas, impulsionando al psicoanálisis a escuchar de otra manera. Este artículo examina el impacto de la raza y la blanquitud en el psicoanálisis desde la perspectiva de las epistemologías del posicionamiento y la epistemología de la ignorancia. En el contexto social francés, mientras que una parte creciente de la población francesa experimenta a diario la discriminación racial, ésta es negada con vehemencia por una mayoría de políticos/as e investigadores/as, que se niegan incluso a utilizar la palabra "raza". Partiendo de esta negación oficial del racismo sistémico por parte del poder político y de una mayoría de estudios académicos, el artículo intenta analizar la epistemología de la ignorancia que prevalece en la postura clínica y teórica de un psicoanálisis mayoritario. El objetivo es estudiar el modo en que la ignorancia blanca hace que las cuestiones raciales sean des-escuchadas en el diván, produce efectos transferenciales de silenciamiento y niega las experiencias particulares en nombre del universalismo.


Assuntos
Psicanálise , Grupos Raciais , Narcisismo
16.
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 23(4): 1333-1348, dez. 2023.
Artigo em Português | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1537972

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo, a partir da experiência e do testemunho de um Coletivo de Mulheres, propor uma leitura do que nomeamos como o Real da violência por meio do ensino de Lacan e comentadores. Diferente do Real enquanto fundamento ausente ou falta-a-ser, o Real da violência se insere historicamente no dia a dia e na vida de determinados corpos brasileiros, precisamente os corpos negros, femininos e periféricos. Em vista do cenário de impasses socio-políticos do Brasil, mas também de potentes vozes e ações que têm surgido das comunidades atravessadas por estruturas de violência, a experiência do Coletivo ilustra o presente trabalho, a fim de demonstrar caminhos possíveis para um saber-fazer com esse Real ao qual seus filhos e a comunidade estão mais expostos. À luz de conceitos da Teoria Feminista, como, por exemplo, a noção de interseccionalidade e a categoria corpo-território, endossamos essa discussão que demanda à Psicanálise conversar com outros campos do saber. Empreitada que exige engajamento ético e político dos psicanalistas, em especial dos que exercem a práxis analítica no Brasil.


This work aims, through the experience and testimony of a Women's Collective, to propose a reading of what we call the Real of violence through the teaching of Lacan and commentators. Different from the Real as a foundation that is absent or lack-of-being, the Real of violence is historically inserted in the daily life and in the life of certain Brazilian bodies, precisely black, female and peripheral bodies. In view of the scenario of socio-political impasses in Brazil, but also of powerful voices and actions that have emerged from communities crossed by structures of violence, the Collective's experience illustrates the present work, in order to demonstrate possible paths for a know-how to deal with this Real to which their children and the community are more exposed. In the light of concepts from Feminist Theory, such as, for example, the notion of intersectionality and the body-territory category, we endorse this discussion that demands Psychoanalysis to converse with other fields of knowledge. An undertaking that demands ethical and political engagement from psychoanalysts, especially those who practice analytical praxis in Brazil.


Este trabajo pretende, a partir de la experiencia y testimonio de un Colectivo de Mujeres, proponer una lectura de lo que llamamos lo Real de la violencia a través del magisterio de Lacan y comentaristas. A diferencia de lo Real como fundamento ausente o falta-de-ser, lo Real de la violencia se inserta históricamente en el cotidiano y en la vida de ciertos cuerpos brasileños, precisamente negros, femeninos y los barrios marginales. Ante el escenario de impasses sociopolíticos en Brasil, pero también de voces y acciones poderosas que han emergido de comunidades atravesadas por estructuras de violencia, la experiencia del Colectivo ilustra el presente trabajo, con el fin de evidenciar posibles caminos para un saber hacer con este Real al que están más expuestos sus niños y la comunidad. A la luz de conceptos de la Teoría Feminista, como, por ejemplo, la noción de interseccionalidad y la categoría cuerpo-territorio, avalamos esta discusión que exige al Psicoanálisis hablar con otros campos del saber. Un emprendimiento que exige compromiso ético y político de los psicoanalistas, especialmente de aquellos que ejercen la práctica analítica en Brasil.


Assuntos
Humanos , Feminino , Psicanálise , Mulheres , Participação da Comunidade , Violência contra a Mulher , Acontecimentos que Mudam a Vida , Brasil , Feminismo , População Negra
17.
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 23(4): 1349-1364, dez. 2023.
Artigo em Português | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1537974

RESUMO

O presente artigo possui o objetivo de, a partir de uma investigação teórica de textos sociais e psicanalíticos, analisar como a adolescência aparece, na modernidade, como um privilegiado produto político da colonização. Associamos à emergência dessa idade da vida, a biopolítica e a necropolítica, sendo a primeira um conceito de Michel Foucault e a segunda, de Achille Mbembe. Igualmente, analisamos como que o significante "adolescência" é interceptado por diferentes significados violentos, os quais deslocam-se inversamente e abaixo da cadeia de significantes, e que aprisionam os adolescentes em sentidos colonizadores, impondo-lhes um processo de destituição subjetiva. Recorremos às contribuições de Glória Anzaldúa e do psicanalista Jacques Lacan, para indicar uma outra identidade adolescente possível a qual prima pela proposição de novos significados e pelo deslocamento metonímico do significante, opondo-se àquela forjada pela colonização. Assim, indicamos como que a Psicanálise pode ser uma opção viável para a subversão da colonização da adolescência, privilegiando o sujeito e o desejo.


This article aims, from a theoretical investigation of social and psychoanalytical texts, to analyze how adolescence appears, in modernity, as a privileged political product of colonization. We associate biopolitics and necropolitics to the emergence of that age of life, the first being a concept by Michel Foucault and the second by Achille Mbembe. Likewise, we analyze how the signifier "adolescence" is intercepted by different violent signifieds, which move inversely and down the chain of signifiers, and which imprison adolescents in colonizing senses, imposing a process of subjective destitution on them. We resorted to the contributions of Glória Anzaldúa and the psychoanalyst Jacques Lacan, to indicate another possible adolescent identity which excels in proposing new signifieds and in the metonymic displacement of the signifier, opposing the identities forged by colonization. Thus, we indicate how Psychoanalysis can be a viable option for the subversion of the colonization of adolescence, privileging the subject and desire.


Este artículo tiene como objetivo, a partir de una investigación teórica de textos sociales y psicoanalíticos, analizar cómo la adolescencia aparece, en la modernidad, como un producto político privilegiado de la colonización. Asociamos la biopolítica y la necropolítica al surgimiento de esa edad de la vida, siendo la primera un concepto de Michel Foucault y la segunda de Achille Mbembe. Asimismo, analizamos cómo el significante "adolescencia" es interceptado por diferentes significados violentos, que se mueven en sentido inverso y descendente en la cadena de los significantes, y que aprisionan a los adolescentes en sentidos colonizadores, imponiéndoles un proceso de destitución subjetiva. Recurrimos a los aportes de Glória Anzaldúa y del psicoanalista Jacques Lacan, para señalar otra posible identidad adolescente que sobresale en la propuesta de nuevos significados y en el desplazamiento metonímico del significante, contraponiéndose a las identidades forjadas por la colonización. Así, indicamos cómo el Psicoanálisis puede ser una opción viable para la subversión de la colonización de la adolescencia, privilegiando el sujeto y el deseo.


Assuntos
Humanos , Adolescente , Política , Psicanálise , Violência
18.
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 23(4): 1365-1383, dez. 2023.
Artigo em Português | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1537977

RESUMO

Este artigo tem como objetivo analisar a relação entre os conceitos de necropolítica, proposto por Achille Mbembe, e de unheimlich, desenvolvido por Sigmund Freud. Por meio dessa possibilidade de intersecção, coloca-se em análise a situação enfrentada pelos Yanomami no norte do Brasil, na qual diversos indígenas tiveram suas terras invadidas e seus direitos violados, levando-os a uma grave crise sanitária. A presença de uma lógica de gestão necropolítica, na qual corpos que não interessam ao Estado são deixados à margem, coloca em risco populações que não são incluídas no discurso hegemônico neoliberal. No encontro deste discurso com o estranho, pode-se inferir que é produzida uma experiência unheimlich, um deparar-se com o que há de mais incômodo e ao mesmo tempo familiar à sociedade. Reconhecer-se na diferença que há no outro cria um escape pela via da eliminação, faz-se desse corpo o inimigo e, assim, cria-se o respaldo para tirá-lo de cena. Desse modo, esta investigação destaca a necessidade de repensarmos as vias existentes para lidar com a diferença, isto porque, construir uma sociedade em detrimento de determinados grupos que a compõem é destruir também a si mesma.


This article aims to analyze the relationship between the concepts of necropolitics, proposed by Achille Mbembe, and unheimlich, developed by Sigmund Freud. Through this possibility of intersection, the situation faced by the Yanomami in northern Brazil can be analyzed, in which several indigenous people had their lands invaded and their rights violated, leading them to a serious health crisis. The presence of a necropolitical management logic, in which bodies that are not of interest to the State are left on the sidelines, puts populations that are not included in the hegemonic neoliberal discourse at risk. In the encounter between this discourse and the stranger, it can be inferred that an unheimlich experience is produced, an encounter with what is most uncomfortable and at the same time familiar to society. Recognizing oneself in the difference that exists in the other creates an escape through elimination, this body is made the enemy and, thus, the support is created to remove it from the scene. Furthermore, this investigation highlights the need to rethink existing ways of dealing with difference, because building a society to the detriment of certain groups that compose it is also destroying itself.


Este artículo tiene como objetivo analizar la relación entre los conceptos de necropolítica, propuesto por Achille Mbembe, y unheimlich, desarrollado por Sigmund Freud. A través de esta posibilidad de cruce, es un ejemplo la situación que enfrentan los yanomami en el norte de Brasil, en la que varios indígenas vieron sus tierras invadidas y violados sus derechos, llevándolos a una grave crisis de salud. La presencia de una lógica de gestión necropolítica, en la que se dejan al margen cuerpos que no interesan al Estado, pone en riesgo a poblaciones que no están incluidas en el discurso neoliberal hegemónico. En el encuentro de este discurso con el extraño se puede inferir que se produce una experiencia unheimlich, un encuentro con lo más incómodo ya la vez familiar para la sociedad. Reconocerse en la diferencia que existe en el otro crea una evasión por eliminación, se hace de este cuerpo el enemigo y, así, se crea el soporte para sacarlo de escena. Así, esta investigación destaca la necesidad de repensar las formas existentes de enfrentar la diferencia, porque construir una sociedad en detrimento de ciertos grupos que la componen es también destruirse a sí misma.


Assuntos
Humanos , Política , Psicanálise , Violência , Povos Indígenas
19.
Vínculo ; 20(2): 140-148, 20230000.
Artigo em Português | LILACS | ID: biblio-1532549

RESUMO

Este estudo teve como objetivo compreender a autolesão na adolescência e investigar sua relação com o funcionamento familiar em um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil por meio de um estudo de caso. A autolesão é caracterizada como um comportamento intencional de ferir o próprio corpo, sem a intenção de morrer, podendo evidenciar o desamparo e o convite ao olhar do outro, diante de sua dor. A pesquisa adotou uma abordagem clínico-qualitativa, com análise e discussão dos conteúdos à luz da Psicanálise de Casal e Família. Os resultados revelaram que a adolescente inscreve no corpo um sofrimento não verbalizado, relacionado à crise cultural e à fragilidade dos suportes simbólicos necessários para o desenvolvimento psíquico. Na família, evidenciou-se falhas das funções continentes do Eu-pele familiar, como a dificuldade em perceber os cortes e compreender as queixas da filha. Conclui-se que a autolesão pode servir como uma defesa contra o sofrimento psíquico, comunicando falhas ambientais. Destaca-se a importância da família no desenvolvimento psíquico durante a adolescência, fornecendo apoio emocional diante das transformações e lutos exigidos ao longo da vida.


The aim of this study was to understand self-injury in adolescence and investigate its relationship with family functioning in a Child and Adolescent Psychosocial Care Center through a case study. Self-injury is characterized as an intentional behavior of hurting one's own body, without the intention of dying, and can show helplessness and an invitation to the gaze of others in the face of their pain. The research adopted a clinical-qualitative approach, analyzing and discussing the content in the light of Couple and Family Psychoanalysis. The results revealed that the teenager inscribes non-verbalized suffering on her body, related to the cultural crisis and the fragility of the symbolic support necessary for psychic development. In the family, there were failures in the continental functions of the family Self-skin, such as the difficulty in perceiving the cuts and understanding the daughter's complaints. We conclude that self-injury can serve as a defense against psychic suffering, communicating environmental failures. The importance of the family in psychic development during adolescence is highlighted, providing emotional support in the face of the transformations and mourning required throughout life.


El objetivo de este estudio fue comprender la autolesión en la adolescencia e investigar su relación con el funcionamiento familiar en un Centro de Atención Psicosocial a Niños y Adolescentes a través de un estudio de caso. La autolesión se caracteriza por ser una conducta intencional de dañar el propio cuerpo, sin intención de morir, y puede ser una evidencia de indefensión y una invitación a la mirada de los demás ante su dolor. La investigación adoptó un abordaje clínico-cualitativo, analizando y discutiendo el contenido a la luz del Psicoanálisis de Pareja y Familia. Los resultados revelaron que la adolescente inscribía en su cuerpo un sufrimiento no verbalizado, relacionado con la crisis cultural y la fragilidad del soporte simbólico necesario para el desarrollo psíquico. En la familia, hubo fallas en las funciones continentales de la Auto-piel familiar, como la dificultad para darse cuenta de los cortes y comprender las quejas de la hija. Concluimos que la autolesión puede servir como defensa contra el sufrimiento psíquico, comunicando fallas ambientales. Se destaca la importancia de la familia en el desarrollo psíquico durante la adolescencia, proporcionando apoyo emocional frente a las transformaciones y duelos necesarios a lo largo de la vida.


Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Adolescente , Comportamento Autodestrutivo , Relações Familiares
20.
Vínculo ; 20(2): 128-139, 20230000.
Artigo em Português | LILACS | ID: biblio-1532541

RESUMO

O medo é um afeto comum ao desenvolvimento humano, presente desde o nascimento; como é sentido e expressado pelas crianças reflete o amadurecimento emocional. Esta pesquisa clínica-qualitativa investigou os medos de seis crianças entre 5 e 7 anos, no contexto pandêmico, formato on-line, com entrevista com as mães e Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema com as crianças. Os dados foram analisados pela livre inspeção do material, segundo psicanálise winnicottiana. A manifestação do medo foi variada: medo de algo concreto e atual relacionado a um ego mais preservado; medos mais abstratos em crianças com menor autonomia. Em todos os casos, quanto maior o suporte emocional familiar, menos queixas e dificuldades. A figura materna se destacou como cuidadora principal, facilitando a autonomia ou mantendo a dependência infantil. O momento da pandemia surgiu como agravante de prejuízos emocionais, o medo infantil esteve relacionado a vivência de conflitos internos e expressão de necessidades anteriores.


Since birth, fear is a common affection of human improvement and how children feel and express it reflects their emotional development. This clinical-qualitative research investigated the fears of six children between five and seven years old in the context of COVID-19 pandemic. Both online, mothers were interviewed and were applied to children the Drawing-and-Story Procedure (D-E). Data were analyzed by free inspection of the material, according to winnicottian psychoanalysis. The manifestation of fear was varied: fear of something concrete and current related to a well-preserved ego; abstract fears were reported in less autonomy children. In all cases, the greater the family's emotional support, the less complaints and difficulties. The maternal figure stood out as the main caregiver, facilitating autonomy or maintaining child dependence. Child fear was related to experience of internal conflicts and expression of previous needs and the pandemic was an aggravating factor of these emotional losses.


El miedo es un afecto común en el desarrollo humano; cómo lo sienten y expresan los niños refleja la maduración emocional. Esta investigación clínico-cualitativa investigó los miedos de seis niños entre cinco y siete años, en el contexto de la pandemia. En formato online, se entrevistó a las madres; a los niños se les aplicó el Procedimiento de Dibujos-Cuentos (D-E). Los datos fueron analizados por inspección libre del material, según el psicoanálisis de Winnicott. La manifestación del miedo fue variada: miedo a algo concreto y actual relacionado con un ego más preservado; miedos más abstractos en niños con menor autonomía. Cuanto más grande era el apoyo emocional de la familia, menores las dificultades. Las madres se destacaron como las principales cuidadoras, manteniendo o no la dependencia infantil. El miedo se relacionó con la vivencia de conflictos internos y la expresión de necesidades previas, pero la pandemia fue un gran agravante.


Assuntos
Humanos , Masculino , Feminino , Pré-Escolar , Criança , Psicanálise , Medo , COVID-19/psicologia
SELEÇÃO DE REFERÊNCIAS
DETALHE DA PESQUISA